segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Pensamento coletivo

Na Copa São Paulo que começa amanhã, técnicos precisam atuar como psicólogos para controlar a vontade dos meninos de aparecer demais e não prejudicar as equipes na competição.

Por Vagner Vargas, do Correio Braziliense, 02/01/2012.
Um dos representantes do DF na Copinha, o Cruzeiro (de cinza) estreia na quarta-feira, às 16h, contra o Ceará, em São José dos Campos. Foto: Marcelo Ferreira/CB/DA Press - 23/12/2011.
Principal vitrine do futebol brasileiro, a Copa São Paulo de futebol júnior começa amanhã. É a maior oportunidade para meninos de até 18 anos chamarem a atenção de grandes clubes e concretizarem o sonho de virar profissionais no mundo da bola. Mesmo com a pouca idade, os candidatos a craque sabem que um bom desempenho na competição pode garantir um contrato em um time de expressão. Por isso, os técnicos da Copinha precisam controlar seus comandados para não deixar a ansiedade de cada atleta prevalecer e atrapalhar as equipes na disputa.

Afinal, com 18 anos, quem resistiria a fazer uma jogada bonita, arriscar um drible abusado ou um chute a gol sabendo que está sob os olhares de times e empresários? O problema é que essa vontade geralmente acarreta em erros que podem custar caro em um campeonato tão curto. Cientes do perigo, os treinadores precisam se transformar em uma espécie de psicólogo, especialmente nos times de menor expressão, que não podem bancar um profissional da área.

Um dos representantes do DF no torneio, o Cruzeiro sonha em chegar à segunda fase da Copinha. Para conseguir o objetivo, o técnico Luís Carlos dá a receita contra excessos de seus comandados em campo. “Eu trato desse assunto falando a verdade. Falei para eles que é um campeonato para que eles apareçam mesmo. Mas individualmente eles não vão conseguir, só se o coletivo funcionar”, afirma. “Eu falo com eles diariamente. Imagina se o centroavante faz três gols, mas a defesa leva cinco e o time fica fora da segunda fase? Não vai adiantar nada. Tem que jogar de forma coletiva para, lá na frente, conseguir ter algum destaque individual.”

Segundo Luís Carlos, toda vez que um de seus atletas exagera na individualidade nos treinos, ele para a atividade e alerta de forma a evitar que a situação chegue à Copinha. Como exemplo para seus atletas, ele cita o camisa 10 do Barcelona, Messi. “Eu sempre lembro a final do Mundial de Clubes. Se você olhar o Messi, vê que ele marca, corre, se empenha e joga em grupo, mesmo sendo o melhor do mundo”, contou o técnico. “Mas é uma coisa chata. Sempre que eu sinto a individualidade se sobrepondo de uma maneira negativa, eu paro o treino e converso. O trabalho de um é o trabalho de todos”, comenta.

Embora concorde que o problema exista entre jogadores tão jovens, Luís Carlos lembra que, do outro lado do campo, também estarão meninos de 18 anos que sentirão a mesma necessidade de aparecer. “Por mais que tenham se preparado, são todos garotos, não vai haver muita diferença, e os times acabam se equivalendo. O que vai determinar quem será melhor é como eles vão suportar a pressão e mostrar o que sabem fazer dentro de campo”, destaca.

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